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Aluga-se moças

Famoso filme de 1982, que ficou em cartaz por mais de um ano nos cinemas, tinha como protagonistas algumas chacretes e a cantora Gretchen. O cartaz ostentava o título “Aluga-se moças”, que traz estranhamento a muito pouca gente, mas que foi criticado por quem circulava mais amiúde nos meandros da língua portuguesa. O correto, segundo a gramática normativa, é “Alugam-se moças”.

A observação para essa correção é que o pronome “se” funciona como apassivador. Com a frase na voz passiva, temos como sujeito o substantivo que acompanha o verbo. Nesse sentido, é como se as moças estivessem “se alugando”. Se elas se alugam (sintaticamente) e são o sujeito do verbo, então deveríamos ter: “Alugam-se moças”. Ocorre que muitos gramáticos avaliam o “se” como um sujeito indeterminado. Nesse caso, o “se” aluga moças. Alguém, que não se sabe quem é, aluga moças. Assim, “Aluga-se moças” estaria correto. Creio, na minha opinião, que essa avaliação, que considero correta também, deveria já transformar a construção em facultativa. Mas, não o é. Saiba que a norma padronizada ainda exige “Alugam-se moças”.

Esqueceram de mim

Este é o inesquecível “Home Alone”, com Macaulay Culkin, de 1990. Se fizessem a tradução literal “Sozinho em casa”, não traria problema como o título mostrou aos mais apaixonados pela norma padronizada (que chamam de norma culta).

“Esqueceram-se de mim” ou “Esqueceram-me” é o que pediam os gramaticistas. Isso porque, nessa acepção, o verbo esquecer é pronominal, e exige a partícula após o verbo. A segunda opção mostrada acima também é possível. Nesse caso, eu também acredito que a prática em vários ambientes já demonstra que se pode adotar uma regência múltipla para esse verbo, nos mais diversos significados, sem prejuízo da compreensão. Entretanto, repito a exigência da norma padronizada aqui, o reflexivo: “Esqueceram-se de mim”.

A toda poderosa (sic)

Agora a peça de 2019 que não poderia deixar de receber o famoso “sic”. “A toda poderosa”, com Viviane Araújo, nos brinda com duas nuanças que não podemos deixar passar em nossas grafias. Primeiro que o hífen não pode ser deixado de lado: o Deus “Todo-Poderoso” tem hífen e ele passa para as outras variações, plurais e femininos. O outro é que a palavra “todo”, no caso, é advérbio, portanto, não varia. Ela é “todo-poderosa”. Completamente poderosa, varia o substantivo, mas não muda o advérbio: “A todo-poderosa” deveria ser o título. Não tem negócio. Os de cima podem ser admitidos, ainda que não formalizados. Este, explicamos somente pela falta de conhecimento. Não dá!



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