O presidente Jair Bolsonaro acenou nesta quarta-feira (31) com a possibilidade de divulgar novos dados sobre o desmatamento no país. No último sábado (27), em evento no Rio de Janeiro, o presidente havia prometido uma “surpresa” relacionada ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Na ocasião, o presidente disse que haveria surpresa sobre os dados de desmatamento divulgados pelo instituto no início de julho.
“Espera hoje que vamos dar o dado real para vocês”, disse Bolsonaro após a assinatura do contrato de concessão da Ferrovia-Norte Sul, em Anápolis, do trecho compreendido entre Porto Nacional (TO) e Estrela D'Oeste (SP).
Desde a divulgação das informações sobre o desmatamento na Amazônia, Bolsonaro questiona os dados do instituto. De acordo com o presidente, os números que devem ser divulgados nesta quarta-feira (31) mostram o cenário real de desmatamento e seriam diferentes dos apresentados pelo órgão.
“Eu pedi para dois ministros, da Infraestrutura [Tarcísio Gomes de Freitas] e do Meio Ambiente [Ricardo Salles] que averiguassem os dados. Foi uma variação muito abrupta. É a mesma coisa de você estar gastando R$ 200 de energia elétrica e de repente a conta vai para R$ 400. Alguma coisa aconteceu. E a desconfiança nossa é por aí”.
Inpe
Dados divulgados pelo Inpe no início deste mês, informam que o desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 quilômetros quadrados em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Talvez naquela área da região Amazônica, você tem a reserva de 80% de mata e a previsão de o fazendeiro usar 20% desse total. Daí aquele fazendeiro resolveu utilizar esses 20%, e isso é um alerta de desmatamento, e nesse alerta você vai tomar conhecimento que aquela área poderia ser desmatada ou não. É isso que acontece”, disse o presidente, sem dar mais detalhes sobre as novas informações.
De acordo com Bolsonaro, a divulgação de informações ambientais diretamente pelo Inpe prejudica o país em negociações comerciais conduzidas pelo governo brasileiro com outros países, entre elas o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, fechado recentemente, em que salvaguardas ambientais podem ser acionadas para bloquear eventuais redução de tarifas comerciais.
“Isso atrapalha a gente nesse momento em que estamos nos aproximando dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, do Japão. Vamos consolidar o Mercosul, e isso atrapalha a gente. Um dado importante como esse, a pessoa responsável tem que ter certeza do que está falando”, disse.
Ferrovia Norte-Sul
A assinatura do contrato de concessão da Ferrovia Norte-Sul ocorreu no pátio do Porto Seco Centro-Oeste, no setor agroindustrial do município de Anápolis. Antes da assinatura, Bolsonaro vestiu um colete dos operários que trabalham na ferrovia e passeou ao redor dos trilhos e subiu em uma locomotiva estacionada.
A concessão da ferrovia foi arrematada pela empresa Rumo S.A, em leilão realizado em março. A empresa, que atua em serviços de logística de transporte ferroviário, ganhou o certame ao oferecer um lance de pouco mais de R$ 2,719 bilhões, um ágio de 100,92% ao lance mínimo pedido pelo governo, de R$ 1,3 bilhão. O contrato tem duração e 30 anos.
O contrato prevê a administração de dois trechos da Norte-Sul, de um total de 1.537 quilômetros. O primeiro, de 855 quilômetros de extensão, sai de Porto Nacional e vai até Anápolis (GO), e se encontra com 100% da infraestrutura construída e disponível para o transporte de cargas. A expectativa é que as operações comecem até o final de 2019.
Já o segundo trecho, compreendido entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Estrela D’Oeste (SP), com 682 km de extensão, se encontra com mais de 95% das obras concluídas. A concessionária tem dois anos para concluir as obras desse trecho e iniciar as operações em 2021.
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