Beatriz Castilho
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Unidas pela cabeça desde a gestação, as irmãs siamesas, Lis e Mel, de 10 meses, passam bem após cirurgia de separação realizada no último sábado (27). A intervenção, realizada no Hospital da Criança de Brasília (HCB), teve duração de 20 horas, e foi a primeira do tipo na capital federal. Considerada bem sucedida pelos médicos, constitui apenas uma etapa na luta das garotas, de acordo com o avô materno, Edilson Neves, de 49 anos.
“O quadro delas está dentro do esperado, mas o coração da família continua ansioso. Vencemos essa maior batalha, mas agora temos que passar pela UTI, que inspira muito cuidado. Para isso, seguimos com esperança e muita fé”, ressaltou o avô ao Jornal de Brasília.
Elogiando o atendimento do hospital, o avô confessou que aguarda o momento em que as garotas sejam liberadas do local. “Queremos que elas vão para casa brincar, quebrar copos, essas coisas que criança tem que fazer”, brincou.
As siamesas entraram no centro cirúrgico às 6h30 da manhã do último sábado. Para o procedimento, a equipe de mais de 70 profissionais da saúde se dividiu em dois times: o rosa, de Lis, e amarelo, de Mel. As tonalidades deram cor às luvas, sapatilhas e toucas utilizadas na sala de operação.
O caso
O quadro das crianças estava sob sigilo por escolha dos pais Camila Neves, 25 anos, e Rodrigo Aragão, 30. Com a cirurgia, o caso foi divulgado, e só após o resultado os responsáveis decidiram anunciar a identidade das irmãs.
Nascidas no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) em 1º de junho do ano passado, as irmãs foram acompanhadas desde o segundo mês da gestação. O neurologista Benício Oton de Lima, coordenador da cirurgia, foi um dos primeiros médicos do HCB a se envolver com a história.
“Em Brasília, de forma geral, existe um grupo de gestação de alto risco no HMIB. Quando foram descobertas essas crianças, que estavam na 10ª semana, em janeiro de 2018, nos chamaram para avaliar se a separação era viável ou não. Preferimos esperar”, contou. De acordo com ele, não era descartada a possibilidade de uma interrupção da gravidez – em caso de risco à saúde da mãe.
Duas semanas depois, o neurologista foi apresentado à família das irmãs. “Na data, falamos que a separação era passível, sim, mas que precisávamos de um grande acompanhamento”, contou. “Então, duas vezes por mês, o caso era analisado”.
A avaliação era feita por uma equipe multidisciplinar de neurologistas, nutricionistas, cirurgiões plásticos e fisioterapeutas. De acordo com Benício, elas, dentro do útero, se juntaram com o passar do tempo. A fisioterapia, então, tentou melhorar a posição das crianças.
Estudo para operação
Para o chefe de enfermagem da equipe, Carlos Eduardo da Silva, a fisioterapia foi essencial para a realização de exames de imagem mais claros. “Antes, não víamos se havia parte compartilhada da massa encefálica frontal, por exemplo”.
De acordo com ele, apesar de complexas, as condições eram as melhores. “Por isso tivemos que estudar o todo, o individual e, depois, os detalhes”, afirmou.
Para o procedimento, o grupo de médicos realizou análises de casos anteriores e estátuas em 3D. Os moldes foram utilizados, principalmente, por cirurgiões plásticos, para avaliar as possibilidades de enxerto para extensão de pele.
Gêmeos unidos pelo crânio, como Lis e Mel, são chamados de craniópagos. O caso é considerado raríssimo – um em cada 2,5 milhões de nascimentos -, sendo mais comum em meninas.
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