Uma ossada de Neandertal, espécie ancestral humana, de 70 mil anos de idade, foi encontrada em um antigo sítio arqueológico no Iraque. O corpo está quase completo e pesquisadores trabalham com a hipótese de que ele foi enterrado em um ritual fúnebre, uma descoberta inédita já que esse ancestral é visto como “inferior” ao Homo Sapiens.
O corpo foi chamado de Shanidar Z e contem traços dentários de um homem de meia idade. No local, foram encontrados o crânio, o tórax e ambas as mãos, dispostas como em um enterro. Abaixo da cabeça, foi encontrada uma pedra que aparenta sustentá-la.
O local da descoberta, a caverna de Shanidar, a 550 quilômetros já foi palco de discussões em torno da capacidade cultural dos nossos ancestrais.
Entre 1950 e 1960, pesquisadores encontraram o “flower Burial”, ou memorial das flores, onde dez corpos de neandertais foram escavados com resquícios de pólen ao redor.
A presença do pólen foi vista por arqueólogos como prova de que eles não apenas enterravam seus mortos como o faziam com flores. A evidência ajudou a refutar que os Neandertais fossem associados a um povo “burro”, ou de intelecto inferior aos nossos ancestrais diretos.
Por conta das limitações de pesquisa da década de 60, pesquisadores decidiram reabrir os estudos no local, mas sem a expectativa de encontrar evidencias “primárias”, como ossos. O objetivo era entender esse povo, que ainda gera muitas dúvidas para a ciência.
“Achamos que com sorte encontraríamos os locais que encontrar os corpos na década de 50, para então analisar os sedimentos ao redor, em momento algum esperávamos encontrar novos vestígios”, afirma o professor presente na expedição, John Parker.
As escavações reabriram em 2014, mas, foram interrompidas por invasões do Estado Islâmico no local.
“Quatro dos 10 corpos encontrados no memorial das flores estavam posicionados juntos e levantaram a questão de que os neandertais estavam voltando ao local, como um cemitério. Se estivéssemos lidando com pessoas modernas poderíamos chamar o local de cemitério, mas esse é algo que ainda não podemos dizer por desconhecimento da cultura deles”, afirma o professor Hunt, responsável pela pesquisa.
Analises do local foram levadas para Cambridge, na Inglaterra, para uma análise mais aprofundada. Cientistas acreditam que os ossos podem conter amostras de DNA e traços da cultura do povo.
Os neandertais desapareceram de forma misteriosa há aproximadamente 50 mil anos. Eles conviviam com o Homo sapiens, e, evidencias apontam que atravessaram da África para a Europa em conjunto com os ancestrais diretos dos humanos.
*Estagiário R7, sob supervisão de Pablo Marques
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