A falta da vacina pentavalente, destinada a bebês a partir de 2 meses de idade, continua afetando a rede de vacinação também na maior cidade do país. A vacina pentavalente previne contra cinco tipos de doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e doenças causadas por Haemophilus influenzae tipo B. Aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, a vacina imuniza os bebês contra tais enfermidades.
A reportagem da Agência Brasil apurou que a vacina está en falta em diversos postos na região metropolitana de São Paulo. Na zona leste as unidades básicas de saúde (UBS) Oratório e Jardim Sapopemba informaram que não há disponibilidade da vacina. Na zona oeste, as UBS Parque da Lapa e Vila Ramos também estão sem o imunizante há dois meses, assim como as UBS Paraisópolis e Geraldo da Silva, na zona sul, e Vila Dionísia e Vila Progresso, na zona norte.
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Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que a Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) está providenciando o remanejamento da vacina pentavalente, quando necessário, com o objetivo de manter a disponibilidade das doses nos postos da cidade, enquanto aguarda a liberação de um novo lote do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.
“Este lote ainda não foi liberado porque aguarda a baixa do termo de guarda (BTG), concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a Nota Informativa nº 32/2019 do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. A expectativa, segundo a nota informativa, é normalizar o abastecimento da vacina pentavalente em outubro/2019”, completa a nota.
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O Ministério da Saúde confirmou a falta do medicamento e explicou, em nota, que a vacina pentavalente, adquirida por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foi reprovada em testes de qualidade feitos pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde e análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Por este motivo, as compras com o antigo fornecedor, a indiana Biologicals E. Limited, foram interrompidas pela Organização Mundial da Saúde/Opas, que pré-qualifica os laboratórios”, explica a nota.
A pasta informou ainda que solicitou a reposição do fornecimento à Opas. No entanto, não há disponibilidade imediata da vacina pentavalente no mundo. Os 6,6 milhões de doses compradas começaram a chegar ao Brasil em agosto, de forma escalonada. A previsão é que o abastecimento volte à normalidade em novembro. Quando os estoques forem normalizados, o Sistema Único de Saúde (SUS) fará uma busca ativa pelas crianças que completaram 2, 4 ou 6 meses de idade entre os meses de agosto e novembro para vaciná-las.
Segundo o ministério, o país demanda normalmente 800 mil doses mensais dessa vacina. O abastecimento está parcialmente interrompido desde julho, situação comunicada aos estados e municípios. “Por se tratar de um imonubiológico, diferentemente dos medicamentos sintéticos, a vacina não tem disponibilidade imediata. Portanto, embora haja recursos para aquisição, o recebimento efetivo pelo Brasil depende do processo de fabricação e testagem”, acrescenta a nota.
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O Ministério da Saúde reitera que não há dados que ensejem emergência epidemiológica no Brasil das doenças cobertas pela vacina pentavalente, e diz que, neste momento, os estoques nacionais são suficientes para realização de bloqueios vacinais, caso surtos inesperados apareçam. O sistema de vigilância à saúde monitora continuamente o tema a emitirá os alertas se estes forem necessários.
Recomendações
Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), o pediatra e infectologista Marco Aurélio Palazzi Safadi ressalta que a vacina é fundamental e que, apesar do impacto da falta da vacina, não há o que fazer no momento.
“Não dá para colocar a criança numa bolha. Ela precisa frequentar as atividades do dia a dia, como ir a creches, porque os pais têm que trabalhar e não têm com quem deixar a criança. Não dá para sugerir soluções mágicas. Infelizmente, não tem o que fazer, temos que aguardar a normalização dos estoques e torcer para que isso ocorra o mais rápido possível”, afirma o médico.
Para quem tem condições financeiras, Safadi sugere tomar a vacina na rede privada. “Os pais que tiverem a possibilidade de adquirir a vacina devem buscar essa opção, se for possível, uma vez que é uma vacina muito importante, principalmente a primeira dose, aos 2 meses de idade”. Nas clínicas particulares de São Paulo, a dose da vacina pentavalente custa em torno de R$ 395.
Outra indicação do pediatra é que os pais tentem aplicar as vacinas separadamente. “Se os pais encontrarem as vacinas, mesmo que não seja a completa, a que oferece a proteção para algumas dessas doenças, ele deve buscar tal opção até que se restabeleça a imunização normal”. Para quem optar por aplicar as vacinas separadamente, convém ligar para as unidades de saúde e conferir a disponibilidade. As vacinas separadas são a tríplice bacteriana (contra coqueluche, tétano e difteria) e hepatite B, disponíveis na rede pública. A que previne isoladamente contra as infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B só está disponível na rede privada, ao valor de R$110.
O pediatra também orienta os pais a não deixar de dar aos bebês as outras vacinas que são aplicadas na mesma data que a pentavalente. “O fato de não ter a pentavalente disponível não significa que as outras não estejam disponíveis, e elas são igualmente importantes. Então, a despeito da falta da pentavalente, a população não deve deixar de buscar as demais vacinas e atualizar o calendário de seus filhos.”
Além da pentavalente, as vacinas aplicadas aos 2 e 4 meses de idade são a VIP, contra a poliomielite, também conhecida por paralisia infantil; a VORH, contra a gastroenterite, que é dada por meio de gotinhas na boca do bebê; e a pneumocócica 10V, contra doença invasiva pneumocócica, meningite, pneumonia e otite. Aos 6 meses, o bebê recebe somente a vacina pentavalente e a VIP.
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