Olavo David Neto
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Convidada pela defesa de Adriana Villela – indiciada como mentora do assassinato dos pais, José Guilherme e Maria Villela -, Regina Batista Lopes de Luna foi a terceira testemunha a depor no quarto dia do julgamento do crime da 113 sul. Comerciante, ela teve o nome ligado ao crime por negociar um imóvel com a herdeira dos Villela no início de 2009, ano do triplo homicídio da Asa Sul, e foi ouvida de abril a setembro de 2010.
A testemunha é uma conhecida de Adriana. Elas se conheceram em encontros de diferentes grupos terapêuticos. No início de 2009, Regina se interessou numa loja na 116 sul e, junto a Adriana, fez a vistoria no imóvel, fechando o encontro com um almoço. Após as receptações telefônicas de Adriana, a comerciante entrou no radar da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida).
O depoimento dela quebra a narrativa da acusação de que a Corvida foi a única das delegacias incumbidas da investigação a não incorrer em abusos de poder e excessos nas inquirições. É tanto que a primeira ação policial contra ela – e consta nos autos do processo – foi um mandado de Busca e Apreensão às 6h30 da manhã e, segundo Regina, sem qualquer observância aos direitos básicos, como a companhia de um advogado.
De acordo com a testemunha, em uma das oitivas, um agente “bateu com a mão bem forte na mesa”, dizendo que a “casa caiu’”, disse a testemunha. Além disso, conforme o relato, ela foi posta numa sala com visão ampla de Adriana algemada e cercada de policiais. De frente para Mabel de Faria, conforme o depoimento, a delegada comentou, em tom de lamento, o que a Adriana estaria fazendo com a amiga, ao que ela respondeu que “não é a Adriana que tá fazendo isso, é a polícia”, disse Regina.
Regina relatou que atendeu aos pedidos da delegada Mabel de Faria, lotada na Corvida. Para isso, ela cedeu o celular pessoal, o telefone do local de trabalho e até o carro. Inclusive os atestados de óbitos dos pais a testemunha teve de entregar à delegacia especializada. Orientada pela defesa, Regina declinou apenas de ceder dados financeiros do trabalho. “Foi a única coisa que eles pediram e eu não mandei, porque meu advogado falou pra não dar”, declarou a depoente.
O desespero de Regina, conforme o próprio relato, era se ver acusada de participar de um triplo assassinato e não conseguir convencer as autoridades de sua inocência. “Eu consegui provar direitinho onde eu estava, o que eu fazia; mas o que eu falava pra Corvida eles não acreditavam”, queixou-se a comerciante.
Prejuízo profissionalO martírio da comerciante durou cinco meses – de abril a setembro de 2010 -, e causou, inclusive, prejuízo profissional, conforme o relato de Regina. Dona de uma loja de cortinas e persianas, ela perdeu clientes e colaboradores, pois “ninguém queria ser ligado a uma investigada pela polícia”, declarou, lembrando que precisa, pelo emprego, entrar em casas de terceiros para medições.
Regina também se queixou de nunca ter recebido escusas dos órgãos policiais, ou mesmo da delegada Mabel de Faria, à época delegada da Corvida, pelos inconvenientes trazidos. “Nunca pediram [desculpas], e eu gostaria muito que pedissem”, sustentou a depoente. “Não precisa nem pedir desculpas, na verdade, era só dizer que eu tava livre, que não acharam nada”, declarou.
MPDFT rebate testemunhaProcurador do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Maurício Miranda minimizou os relatos de Regina Luna. “Não houve abusos por parte da Corvida, tudo foi feito dentro da legalidade. Se houvesse, seria apurada por nós”, declarou o acusador. “Eu mesmo dei socos na mesa, isso não caracteriza nada”, finalizou o representante do MPDFT.
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