Os investidores que entraram em 2019 rindo à toa com o otimismo do mercado financeiro já começam a ter dores de cabeça com o retorno da Bolsa aos níveis do ano passado.
Com a queda de 0,04% da última sexta-feira (17), o Ibovespa registra 89.992 pontos. A sequência de variações negativas já faz com que o principal índice acionário brasileiro acumule perda de 10% somente nos dois meses após flertar com os 100 mil pontos em meados de março. No ano, o índice apresenta alta de 2,39% ante os 87.887 pontos do último pregão de 2018.
Até o momento em que atingiu os 100 mil pontos durante o dia 18 de março, a Bolsa de São Paulo renovou constantemente suas máximas histórias. Logo nos primeiros dias do novo governo, os recordes levaram o presidente Jair Bolsonaro a comemorar a movimentação do mercado.
"O cenário mundial somou-se ao otimismo no Brasil com o novo governo. Com saúde fiscal e liberdade econômica, vamos resgatar a confiança em nosso país", escreveu o presidente em uma rede social.
O economista Màrcello Bezerra, atribui a movimentação registrada pelo mercado financeiro neste ano a uma euforia de “exacerbada” criada pelos investidores com a posse de um governo de agenda liberal. "O mercado calculou errado a intensidade do otimismo”, observa ele.
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Na avaliação de Bezerra, a reversão da confiança também tem relação direta com o não materialização da reforma da Previdência, que ele cita como “um dos pilares” para o otimismo no início do ano. “Está patinando ainda”, afirma o economista, que cita “problemas políticos, cabeçadas do próprio governo e o Congresso” como determinantes: “"Esse movimento está fazendo com que o mercado fique muito instável.”
Dólar
Em trajetória oposta à movimentação da Bolsa, o dólar subiu 4% somente na semana passada, acumula ganho de 5,8% no ano e já saltou mais de 20% nos últimos 12 meses. As oscilações levaram a moeda norte-americana ao patamar de R$ 4,1019, o maior desde 19 de setembro de 2018.
Para Bezerra, as motivações que resultaram alta do dólar são as mesmas que têm puxado o índice acionário para baixo. Ele, no entanto, analisa que a oscilação da divida dos EUA segue também aspectos internacionais.
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Para os próximos dias, o economista prevê a possibilidade de uma intervenção do BC (Banco Central) no mercado de câmbio para conter a alta do dólar. “Se esse aumento continuar, a tendência é intervir de forma ainda mais forte durante alguns dias”, observa ele.
"A situação brasileira é a mesma do ponto de vista prático e estrutural do início do ano, só que existe muita especulação e o movimento acaba ocasionando essa situação de mercado", completa Bezerra.
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