Identificar tumores no esôfago, como o do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), pode ser difícil, já que a doença avança de maneira silenciosa, com poucos sintomas.
O político de 39 anos está internado desde a última quarta-feira (23) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Nesta segunda-feira (28), os médicos divulgaram que ele está com um adenocarcinoma (tumor maligno) localizado na cárdia, que é a transição do esôfago para o estômago, além de metástase no fígado e nos gânglios ao lado do fígado.
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Sem ter conhecimento específico do caso do prefeito, o oncologista clínico Daniel Gimenes, do Grupo Oncoclínicas em São Paulo, explica que, em tese, esse tipo de tumor não tem muita relação com os tumores mais comuns de esôfago, relacionados ao tabagismo e excesso de bebidas alcoólicas e quentes.
"O câncer de esôfago da transição na maioria das vezes está associado a problemas como refluxos repetitivos. Com o tempo, pode gerar uma lesão pré-maligna nessa transição e aí aumentar a chance disso se desenvolver."
Gimenes afirma que tumores na região da transição do esôfago para o estômago costumam boicotar na hora de serem identificados, porque dão menos sintomas.
"No tipo mais comum de câncer de esôfago, que é o carcinoma espino-celular e que surge no chamado terço médio [do esôfago], a pessoa começa a ter dificuldade para engolir. No da transição [mais abaixo], não."
A ausência de sintomas é negativa, pois sem tratamento, aumentam as chances de metástase, que é a formação de lesões tumorais em outros órgãos a partir da inicial.
Bruno Covas foi internado com um quadro de erisipela, que é uma infecção de pele. Em seguida, os médicos identificaram que ele estava também com trombose e tromboembolismo pulmonar.
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Gimenes diz que a trombose "pode ser um sinal de um tumor no trato gastrointestinal", principalmente se for considerado que o prefeito não se encaixa no grupo de risco para esse tipo de problemas.
"O próprio tumor produz substâncias que podem eventualmente gerar o aparecimento da trombose. É um reflexo sistêmico."
O câncer de esôfago na transição para o estômago tem relação com o refluxo crônico, observa o oncologista. Isso ocorre porque a exposição ao ácido que "escapa" do estômago provoca uma condição, em algumas pessoas, chamada esôfago de Barrett, considerado uma lesão pré-maligna.
"Por isso, os gastroenterologistas pedem endoscopia de rotina para pacientes que sofrem de refluxo", ressalta o médico, ao acrescentar que esse tipo de exame pode ser crucial para evitar o avanço de tumores.
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