A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 apura a relação da agência de viagem Barão Turismo e a empresa Precisa Medicamentos, cujo sócio é Francisco Maximiano, um dos grandes alvos da CPI. Segundo informações que chegaram à comissão, de janeiro do ano passado a junho deste ano, a empresa recebeu R$ 4 milhões, em repasses mensais que variam de R$ 4,7 mil a R$ 972,9 mil, da Precisa, de outras duas empresas ligadas a Maximiano e da empresa Primarcial, de Danilo Trento, diretor institucional da Precisa Medicamentos.
A suspeita dos senadores é de que a empresa seja usada para lavagem de dinheiro pelo Grupo Precisa. A Barão tem um capital social de R$ 100 mil e fica na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. "A Barão Turismo é a lavadora de dinheiro. É a lavadora de dinheiro, e o salto das transferências, repito aos membros desta CPI, é no mês de fevereiro, mês da assinatura de contrato", afirmou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na última quinta-feira (23).
O repasse citado é de R$ 972,9 mil, o maior valor transferido à Barão entre janeiro de 2020 e julho de 2021, referente às empresas 6M, BSF e Precisa (as três de Francisco Maximiano) somadas com a Primarcial, segundo o senador Randolfe. O mês coincide com o mesmo em que a Precisa fechou um contrato com o Ministério da Saúde para venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, a R$ 1,6 bilhão. O contrato, que foi suspenso após apurações da CPI, é alvo de suspeitas por parte da comissão.
A Barão também já prestou serviços de emissão de passagens e hotéis para a Primarcial. Na semana passada, Randolfe ressaltou que as transferências começam a cair no mês de março e após o início da CPI, em maio, tem o menor valor, de R$ 4,7 mil.
Em depoimento à CPI, perguntado pelos senadores sobre a relação com Raphael Barão, dono da empresa de turismo, Danilo Trento afirmou que ele "é proprietário de uma agência de turismo que presta serviço para a companhia", referindo-se à Precisa. Já quando questionado sobre os pagamentos e a presença de Raphael nas negociações na Índia, Trento exerceu o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.
A Barão ainda abriu, também no mês de fevereiro, uma offshore nos Estados Unidos. "Até janeiro de 2021, a Primarcial e a 6M participações transferiram para a Barão Turismo R$265,2 mil. No dia 15 de fevereiro de 2021, a Barão Turismo abriu uma offshore nos Estados Unidos", pontuou Randolfe na semana passada, frisando que a abertura se deu apenas dez dias antes de o contrato do governo com a Precisa ser assinado.
O vice-presidente ressaltou que as transferências das empresas de Maximiano e da Primarcial, juntas, começam a aumentar em dezembro, com repases de R$ 582,8 mil. Segundo Randolfe, é a mesma época em que ocorre a primeira reunião entre a Precisa e o Ministério da Saúde. "Se isso não for elemento para o crime de evasão de divisas, nada mais é", pontuou o parlamentar.
Em nota, Raphael Barão afirmou que a "Barão Turismo é uma agência de turismo que atua no mercado nacional há seis anos, atendendo pessoas físicas, pessoas jurídicas e diversas organizações dos mais variados setores, proporcionando um atendimento personalizado e sempre buscando as melhores condições".
"Nossa equipe é composta de profissionais competentes e totalmente qualificados na área, além de uma estrutura organizada e preparada para receber bem e satisfazer as necessidades dos nossos clientes", disse, explicando que, dentre os serviços oferecidos pela empresa, está emissão de passagens aéreas nacionais e internacionais, reserva de hotéis, seguro viagem, transfers, passeios, eventos, aluguel de veículos e preparação de viagens para grupos com acompanhamento.
"Um dos diferenciais da Barão Turismo é o serviço de assistência e acompanhamento de grupos de viagens no formato “in company”, o que inclui o acompanhamento de grupos durante o itinerário das viagens contratadas", explicou. Raphael foi à Índia com a Precisa Medicamentos, conforme informações da CPI.
Em relação à offshore, ele afirmou que "foi registrado no dia 23 de setembro de 2021 um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Rio Grande do Sul", no qual ele deixa claro que "não é do nosso conhecimento e que jamais solicitamos abertura da referida empresa naquele país". O documento que fala da offshore, na posse na comissão, tem o nome de Raphael e da Barão.
from R7 - Notícias http://noticias.r7.com/brasilia/cpi-suspeita-de-empresa-de-turismo-que-recebeu-recursos-da-precisa-27092021
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