Clayton Castelani
SÃO PAULO, SP
A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta de 0,89% nesta quarta-feira (29), a 111.106 pontos, acompanhando a leve recuperação dos mercados globais após fortes quedas na véspera. O dólar subiu 0,07%, a R$ 5,4300. Os avanços, porém, não foram suficientes para repor as perdas de 3,05% no Ibovespa, o principal índice da B3, nesta terça (28).
Sinais de que a pressão inflacionária global resultará em elevação dos juros básicos e retiradas de estímulos econômicos nos Estados Unidos, mesmo em um momento de ameaças ao crescimento mundial devido à Covid-19 e às crises imobiliária e energética na China, fizeram os principais mercados de ações cair na terça.
Nesta quarta, uma bateria de indicadores econômicos positivos no Brasil e no exterior fez o investidor tirar momentaneamente os temores de foco, permitindo um respiro do Ibovespa, que subiu puxado por ações ligadas a commodities.
Contribuiu para o resultado o anúncio da chinesa Evergrande de que venderá para o governo do país uma fatia de cerca de 20% da Shengjing Bank, operação com a qual irá levantar US$ 1,55 bilhão (R$ 8,4 bilhões). O esforço é visto com certo alívio pelo mercado pois revela, de alguma forma, o compromisso da empresa em resolver a crise financeira atual, segundo boletim da Clear Corretora.
A medida reduziu o temor de crise imobiliária no país, o que por sua vez permitiu a recuperação de ações de exportadoras de commodities para aquele mercado, como empresas brasileiras de metais. Dados positivos do mercado de trabalho formal colaboraram para o bom humor do mercado, segundo Rachel de Sá, chefe de economia da Rico. O país registrou a abertura de 372,2 mil vagas de emprego com carteira assinada em agosto, recorde para o mês na série iniciada em 2010. E o setor público do país contrariou expectativas e teve superávit primário de R$ 16,7 bilhões em agosto, também recorde para o mês.
Nos EUA, Wall Street, Dow Jones e S&P 500 subiram 0,26% e 0,16%, respectivamente. O índice Nasdaq recuou 0,24%, com a interrupção da alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. Setores defensivos assumiram a liderança conforme investidores buscaram estabilidade no mercado volátil.
Os três índices seguem em curso para fechar o mês em queda, com o S&P 500 interrompendo uma sequência de sete meses de ganhos." A mesma história que temos visto por algumas semanas", disse Oliver Pursche, vice-presidente sênior da Wealthspire Advisors, em Nova York.
"Os investidores estão preocupados com três coisas: a eventual redução das compras de títulos pelo Fed [o banco central dos EUA], a inflação persistente, com [o chefe do órgão, Jerome] Powell dizendo que vai durar mais do que o inicialmente esperado, e a questão do teto da dívida que o Congresso está enfrentando."
Analistas apontam que correções como essas tendem a ser frequentes nos próximos meses. "Lembrando que este poderá ser o primeiro mês negativo para o S&P 500 depois de sete meses de alta, então, era até esperado ver uma correção depois de tanto tempo", diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Powell, falando em um evento do Banco Central Europeu (BCE), expressou frustração com os problemas persistentes da cadeia de suprimentos que podem manter a inflação elevada por mais tempo do que o esperado. A disputa sobre o financiamento do governo segue no Congresso americano, com o prazo de sexta-feira (1º) para evitar uma paralisação se aproximando em meio a crescentes preocupações sobre um default de crédito dos EUA.
Os rendimentos dos títulos do governo dos EUA deram uma pausa após uma alta nos últimos dias, enquanto o debate sobre o teto da dívida se desenrolava em Washington. O petróleo Brent, referência para o mercado, fechou em baixa de 0,75%, a US$ 78,50 (R$ 425,21).
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