A advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da operadora de saúde Prevent Senior, disse, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 nesta terça-feira (28), que o seu escritório de advocacia, em São Paulo, foi invadido depois que denúncias envolvendo a operadora foram divulgadas no primeiro semestre deste ano. As acusações foram divulgadas na imprensa e, em seguida, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com um pedido junto às autoridades competentes pra que fossem averiguadas.
"Semanas depois, o meu escritório foi invadido, e foi uma invasão um tanto quanto assustadora também porque, em uma sexta-feira, pessoas entraram no meu prédio com um equipamento eletrônico muito moderno para o que eles foram fazer depois, duplicaram o IP de todas as câmeras de todos os andares do prédio em que eu tenho escritório e deixaram o sistema de segurança vulnerável por quatro dias", explicou.
Além disso, eles cortaram "o cano de um banheiro de um escritório vizinho, provocando um vazamento que inundou do oitavo ao terceiro andar, fazendo com que fosse necessário liberar a entrada de pessoas no prédio pra que fizessem os reparos devidos por conta desse vazamento". Bruna afirmou que o grupo entrou na sua sala e levou um iPad e um computador. "Apesar de ter outras máquinas e outros computadores, escolheram esses porque tinham senha", afirmou.
A defensora ressaltou que, desde então, sente-se ameaçada. "A atitude que essa quadrilha teve no prédio foi uma atitude muito estranha. Então, eles começaram de sexta até segunda-feira. Entraram em várias salas e não levavam nada. Parecia uma brincadeira. Quando outros condôminos e eu fomos registrar o boletim de ocorrência, a gente nem tinha tanto interesse assim, porque eles entraram numa sala e levaram uma pasta velha, aí pegavam essa pasta, deixavam numa outra sala de um outro condômino, não levavam nada", disse.
Os médicos representados pela advogada fizeram uma série de denúncias contra a Prevent. Entre elas, que a operadora impediu o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no início da pandemia, para que o vírus circulasse nas unidades da operadora e ela pudesse dar início a um protocolo com prescrição de cloroquina a pacientes com Covid-19. A operadora nega. Além disso, o uso dos medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença teria sido feito sem a anuência de pacientes ou de familiares.
O grupo ainda disse que era obrigado a entregar o chamado kit Covid, com remédios sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus, a todo paciente com suspeita da doença. Caso contrário, poderiam ser demitidos. A operadora chegou a fazer um estudo com uso de cloroquina em pacientes. À CPI, Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent, afirmou que foi um "estudo observacional".
(Com informações Portal R7)
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