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Fabricantes cobram 'preço realista' para fornecer seringas ao governo

Ministério da Saúde ofereceu R$ 0,13 por seringa
Ministério da Saúde ofereceu R$ 0,13 por seringa Arquivo/EFE

O governo precisa oferecer preços mais realistas para seringas e agulhas se quiser garantir a vacinação em massa da população, alertou um representante dos fabricantes brasileiros do material nesta quarta-feira (30), após o fracasso de um pregão eletrônico.

O Brasil ficou atrás de outros países latino-americanos na obtenção de vacinas contra a covid-19 e agora corre o risco de não ter seringas suficientes quando as vacinas chegarem, disse um representante da indústria.

O governo tentou comprar 331 milhões de seringas em leilão na terça-feira, mas só conseguiu comprar 8 milhões, ou 2,5%, porque seus preços eram muito baixos, afirmou Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos).

Leia mais: SP tem 71 milhões de agulhas para vacinação contra a covid-19

“Os preços de referência definidos pelo governo não têm relação com a realidade das empresas de seringas”, disse Fraccaro por telefone. O Ministério da Saúde ofereceu R$ 0,13 por seringa quando as companhias pediam entre R$ 0,22 e R$ 0,48 dependendo do item, afirmou ele.

Ao considerar que o Estado de São Paulo já comprou 50 milhões de seringas e planeja comprar outras 50 milhões, o Brasil precisaria comprar cerca de 320 milhões de seringas que custariam, no máximo, R$ 120 milhões, disse Fraccaro. A perspectiva de ficar sem seringas pode causar pânico no país ou levar a importações mais caras, segundo ele.

Fraccaro disse que não é possível produzir 330 milhões de seringas em 60 dias, mas lembrou que o país não vai precisar todo esse material de uma vez porque o processo de vacinação deve se estender até 2022.

Ele ressaltou ainda que não existe problema com a capacidade de produção. O Brasil tem três empresas que produzem seringas, segundo Fraccaro, e abastecem 1,4 bilhão de seringas ao ano ao mercado doméstico, cerca de 120 milhões por mês, incluindo 10 a 12 milhões que vaõ para o Programa Nacional de Imunização a cada mês.

Especialistas em saúde pública temem que a divergência de preços possa atrasar ainda mais o programa de vacinação do Brasil, que não tem data certa para começar porque nenhuma vacina foi aprovada ainda pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O Brasil foi forçado a fazer concessões regulatórias na quarta-feira para acelerar seu programa de imunização em meio a um aumento de casos de covid no país, que tem o segundo maior número de mortos pela doença no mundo. Outros vizinhos latino-americanos, como Chile, México e Argentina, já começaram a vacinar suas populações.



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