Um vídeo recente atribuído à República Tcheca afirma que fazer uso de máscaras por todas as pessoas, sempre que for necessário sair às ruas, tem se mostrado eficaz para conter a disseminação do Covid-19.
Essa medida, segundo o vídeo, estaria ajudando aquele país a frear o número de novos doentes, juntamente com outras ações, como isolamento social e reforço na higiene. Há um movimento ocorrendo por lá, chamado de #Masks4All, para pedir às pessoas que usem máscaras, mesmo as caseiras, de tecido, toda vez que for necessário sair de casa.
Adam Vojtech, Ministro da Saúde tcheco, endossou o vídeo da campanha, incentivando os governantes de outros países a adotar a mesma medida. A mensagem está sendo amplamente divulgada nas mídias sociais, mas resta a dúvida sobre a real eficácia do uso de máscaras por pessoas que precisam ir à rua para atender a necessidades cotidianas e, principalmente, se as máscaras caseiras, feitas de tecido, realmente podem funcionar.
Para o infectologista Igor Marinho, médico preceptor do Hospital das Clínicas, de São Paulo, idealmente todo mundo poderia usar máscaras cirúrgicas, o modelo considerado mais seguro e adequado, ao ir para a rua.
“Porém, temos que priorizar hoje os momentos em que essa máscara realmente deve ser usada, como no caso de profissionais de saúde que atendam pessoas infectadas pelo Covid-19. Se todo mundo usar na rua, vai faltar para quem realmente precisa”, afirma.
Em relação às máscaras artesanais de tecido, como aquelas incentivadas no vídeo tcheco, o infectologista acha muito arriscado como medida de proteção.
“As máscaras profissionais são testadas para cumprir seu objetivo. No caso daquelas feitas em casa, os tecidos são muito heterogêneos e não dá para garantir que, de fato, estejam impedindo a entrada ou saída de partículas”, adverte. “Nesse caso, pode criar uma falsa sensação de proteção”.
Sem comprovação de eficácia
Os infectologistas Marcos Cyrillo e Alvaro Furtado, da Sociedade Brasileira de Infectologia, também não recomendam o uso desse tipo de máscara caseira, pois isso fere a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Neste documento, A Anvisa expressa claramente que “máscaras de tecido não são recomendadas, sob qualquer circunstância.”
Os profissionais lembram que, no caso desse tipo de aparato, não há controle de qualidade e nem comprovação de eficácia, pois o tecido não possui componentes que bloqueiam a transmissão de gotículas, seja da gripe ou do novo coronavírus.
Ambos defendem o uso de máscaras descartáveis, produzidas pela indústria e aprovadas por órgãos reguladores, com o cuidado de que precisam ser trocadas a cada duas horas.
Sobre a suposta eficácia do uso de máscaras de tecido na República Tcheca, Dr. Álvaro diz que, quando mais de uma medida é adotada simultaneamente, fica difícil dizer qual é mais eficaz. Ou seja, não é possível afirmar com certeza que aquele país está, de fato, controlando a doença por meio do uso das máscaras.
Os profissionais da saúde brasileiros estão seguindo as recomendações de uso de máscara informadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No caso de pessoas que estejam em casa cuidando de doentes que tenham o coronavírus, a recomendação é também para o uso da máscara cirúrgica.
“Mas, se houver um paciente sendo tratado em casa, idealmente ele deve ser isolado e se autocuidar, na medida do possível”, diz Dr. Igor.
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