“Meditar? Imagine, não tenho tempo para isso”. Esse é um discurso comum quando se fala em meditação nas empresas. Muitas pessoas ainda associam a prática a ambientes monásticos, entretanto, apesar da resistência à prática, estudos vêm confirmando os benefícios da meditação, fazendo com que o hábito entre na rotina e ganhe a mente das pessoas.
Em 1970, um estudo foi publicado por Wallace, um pesquisador da Universidade da Califórnia, na revista Science (uma das revistas de maior impacto na área da ciência), mostrando resultados bastante interessantes sobre a meditação. O estudo revelou que o estado meditativo tem uma fisiologia diferente, e mesmo pessoas que não tem muito tempo de prática, conseguem atingir esse estado. Os batimentos cardíacos desaceleram, a pressão arterial diminui, há uma alteração no padrão de ondas cerebrais, compatível com uma resposta de relaxamento.
A partir daí, outras pesquisas foram surgindo, até que um cardiologista da Universidade de Harvard, Herbert Benson, pesquisou e demonstrou que pessoas que praticam meditação, regularmente, teriam a habilidade de desenvolver uma estratégia de controle do estresse, conseguindo sair do estado de “luta ou fuga”. Alguns autores descrevem a meditação como um estado em que a pessoa consegue ficar em um alerta relaxado, ou seja, durante a prática de meditação, o relaxamento não deve conduzir ao sono, mas a um estado de consciência ou atenção em relaxamento.
E é exatamente esse estado de consciência ou atenção em relaxamento que, como sugere o estudo publicado pelo grupo do Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, pode contribuir para a eficiência no trabalho. Neste estudo, publicado na revista NeuroImage, foram comparadas pessoas que meditam regularmente há pelo menos três anos, por no mínimo três vezes por semana, com pessoas que não meditam, durante um teste de atenção e controle de impulsos – dentro de um equipamento de ressonância magnética. No exame os envolvidos analisaram quais áreas cerebrais foram mais recrutadas no desempenho da tarefa.
Em um comparativo com os dois grupos, os resultados indicaram que pessoas que não meditam precisam recrutar muito mais áreas cerebrais para manter a atenção e o controle de impulsos do que pessoas que meditam regularmente, e para conseguirem o mesmo desempenho. Ou seja, ao que tudo indica meditar traz sim benefícios interessantes ao ambiente de trabalho. Os minutos investidos durante a prática formal, podem se estender para o resto do dia, controlando o estresse, mantendo a atenção mais focada nas tarefas do dia-a-dia, assim como a melhoria da pressão arterial, redução dos sintomas de depressão, melhora na atividade imunológica e da insônia em mulheres na menopausa.
Praticar meditação, portanto, faz parte de um novo estilo de vida para muitas pessoas, e sem dúvidas, está ganhando a mente de muitos. Porém, devemos comparar a prática com o exercício físico: os benefícios se mantêm desde que haja uma prática regular. Vale lembrar que práticas de tipos variados de meditação foram integradas a Secretária Municipal da Saúde de São Paulo, com o intuito não só de prevenção como principalmente de promover a saúde.
Fonte: Hospital Israelita Albert EinsteinUma prática simples: sente-se confortavelmente, mas com a coluna ereta. Pode ser em uma cadeira, se você não está habituado com almofadas – ou se estiver no trabalho. Respire profundamente por 2 a 5 vezes, observando lentamente o ar entrando e saindo. Em seguida, apenas focalize sua atenção na respiração, no seu abdômen, sem controlar a respiração. Se for mais fácil para manter a atenção, você pode contar as respirações em ciclos de 21 respirações (conte de 1 a 21, e depois retorne novamente de 1 a 21, e assim por diante). Inicie com 5 ou 10 minutos. Se você se sentir confortável, pode ir estendendo o tempo, para, por exemplo, 30 minutos. Mas vá aos poucos, sempre mantendo sua atenção e curiosidade na prática. – Prática indicada por Elisa H. Kozasa, pesquisadora do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein
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